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Mogianos irão colaborar com gibi

fevereiro 15, 2011 2 comentários

Texto de KARINA MATIAS

 (Publicado “O Diário de Mogi” de 15 de fevereiro de 2011)

 O jornalista Julio Moreno, colunista de O Diário, coleta até o final deste mês fotografias, desenhos e outras lembranças que fazem parte do acervo pessoal dos mogianos referentes aos anos em que o desenhista Mauricio de Sousa morou em Mogi das Cruzes. A proposta é transformar alguns fatos da vida do desenhista no Município, contados por amigos e vizinhos, em quadrinhos, formatando um “Gibi de Memórias” do criador da Turma da Mônica.

“Nós já contamos com a adesão de alguns cartunistas e a ideia é que cada um seja responsável pela ilustração de uma historinha”, revelou Moreno, acrescentando que o projeto abrirá espaço para desenhistas já conhecidos da Cidade e também dará uma oportunidade para novos talentos. Em entrevista exclusiva a O Diário, Mauricio de Sousa se mostrou animado com a iniciativa. “Achei a ideia linda, fantástica. E, de repente, do pessoal que está colaborando, pode surgir gente que possa me ajudar depois aqui (na Mauricio de Sousa Produções). Estou precisando de profissionais”, comentou o desenhista, que nasceu em Santa Isabel, mas passou boa parte da infância e adolescência em Mogi das Cruzes. (Leia mais nesta página).

Além das contribuições obtidas junto aos mogianos, Julio Moreno pretende também retratar no gibi histórias que o próprio Mauricio já contou sobre a sua vida em Mogi. Na edição de domingo de O Diário, o desenhista revelou detalhes de sua infância e adolescência na Cidade, como o dia em que imitou Oscarito em uma quermesse no Largo do Carmo, o que lhe rendeu algum dinheiro para comprar gibis, a sua paixão já naquela época. 

As pessoas podem colaborar com a elaboração do gibi de memórias do Mauricio de Sousa enviando informações, fotos e desenhos para o e-mail juliomoreno@odiariodemogi.com.br.

Homenagem

O vereador Pedro Komura (PSDB) pretende agendar uma reunião com Mauricio de Sousa para tratar de uma homenagem que a comunidade nipônica da Cidade deseja realizar ao desenhista na 26ª Festa do Akimatsuri, que acontece em abril. Informado pela reportagem sobre a iniciativa, Mauricio disse que se sente agradecido pelo gesto de carinho, mas admitiu que não gosta de homenagens desse tipo. “Estou trabalhando quietinho, sossegado. É melhor ajudar ONGs (organizações não-governamentais) e entidades que estão precisando”, ressalvou.

Ele, contudo, achou interessante a proposta de uma moradora de Mogi das Cruzes em transformar a área do Campestre Clube em uma Praça da Turma da Mônica. Mauricio lembrou que projetos semelhantes existem em outros países, retratando personagens de quadrinhos locais. No Brasil ainda não há nada nesse sentido. “Se conseguirem fazer isso será interessante”, opinou o desenhista.

 FILHO CAÇULA É INSPIRAÇÃO PARA ECOCHATO

Aos 75 anos e mais de 50 de carreira, Mauricio de Sousa não pensa em aposentadoria. O desenhista pretende, porém, repassar as tarefas mais burocráticas para os filhos e funcionários e com isso ter mais tempo para se dedicar à criação. Novos personagens já estão em vista, sendo um deles inspirado no filho mais novo Marcelinho, de 11 anos. Será um garoto com o viés da onda sustentável, que ensinará as crianças a economizar luz e água.

Em entrevista exclusiva a O Diário, o profissional contou sobre a longa negociação para transformar o menino no mais novo personagem dos quadrinhos, que deverá ser lançado ainda neste ano. “Eu queria criar faz tempo, mas ele (Marcelinho) não queria virar personagem. Ele é muito certinho, é politicamente correto, nasceu assim, com um chip assim na cabeça, todo certinho. Eu falei: Oba, um personagem assim é legal. Eu vou criar: ‘Marcelinho, o certinho’. Quando ele tinha quatro, cinco anos, desenhei e mostrei pra ele. Ele falou legal tal, mas não queria com aquele nome. Ele disse:

– ‘Pai, eu vou pagar um mico desgraçado com esse nome aí. Na escola vão pegar no meu pé. Eu não quero ser certinho’. ‘

Para resolver o impasse, Mauricio conta que buscou um outro lado da personalidade do filho. “Ele é muito econômico. Então, vai entrar agora um personagem que vai ensinar economia pra criançada: apagar a luz, fechar a torneira. E é algo que está na moda. É super oportuno, mas é um chato. Ele vai ser um ecochato. E está cheio de ecochato por aí. Isso vai despertar, talvez, pra esse ponto: você não precisa ser um ecochato, pode usar outros macetes. Não pode falar não, não, não. Não é palavra proibida. Tem que ser: faz assim, se fizer assim é melhor. É por aí que nós vamos chegar com esse personagem novo”, explicou.

O desenhista também já planeja outros personagens, desta vez fictícios, para compor um novo universo que pretende abordar nos quadrinhos: a mogiana Rua Ipiranga, dos tempos em que morou na Cidade.  “Eu tenho ideia de fazer a Rua Ipiranga no Bairro do Limoeiro, que é onde mora a Turma da Mônica, baseado na minha rua da infância. Lá vai morar uma família de baianos, uma família de gaúchos, uma família do Maranhão ou Ceará, uma família de paranaenses, uma família do Mato Grosso. Eles vão repetir o que eu aprendi na minha infância, brincando na Rua Ipiranga”, contou.

Mauricio revelou que pretende se dedicar mais a criação de histórias em quadrinhos e deixar o trabalho mais burocrático para funcionários e filhos. “Eu pretendo inventar, criar coisas e também desenhar um pouco mais, embora eu tenha uma equipe de 200 artistas, que eu posso passar o esboço, que eles desenham melhor que eu”, observou.

Para conseguir realizar os projetos – que, incluem, investimentos na área de desenho animado e computação gráfica – ele está procurando novos profissionais. “Eu preciso de mais profissionais, principalmente, na área do desenho animado, da computação gráfica, mas também de histórias em quadrinho. Eu ainda não lancei o Chico Bento Jovem por falta de desenhista”, exemplificou.

Na entrevista, ele fala também da coleção MSP 50, Mauricio de Sousa por 50 artistas. “São desenhos de 50 dos melhores desenhistas brasileiros de todos os tempos. Eles fazem uma historinha da Turma da Mônica à moda deles”, contou. Já participaram do projeto nomes como o de Ziraldo, Laerte e Angeli, entre outros. Depois de dois livros bem sucedidos, um terceiro já é preparado. “Daqui vão sair os futuros desenhistas de publicações que vamos fazer sem ser Turma da Mônica: graphic novel, novela gráfica. Acho que vamos abrir um novo campo de atividades de quadrinhos no País e para exportação”, apostou.